Aprenda também como fazer a limpeza profissional e desinfecção de objetos e superfícies corretamente contra o coronavírus em diferentes ambientes, como escolas e escritórios.
O combate ao novo coronavírus confirmou o que há tempos é defendido por especialistas: a limpeza profissional e desinfecção dos ambientes é uma das principais armas contra patógenos. Nunca antes o assunto ganhou tanta importância, embora desde sempre seja fundamental para garantir a saúde e o bem-estar das pessoas. Nesse processo, o êxito depende da eficácia dos métodos de limpeza para o combate do coronavírus.
As ofertas do mercado são variadas. Algumas bem mirabolantes, o que nem sempre é sinônimo de resultado. Então, como escolher o produto mais adequado para a limpeza profissional e desinfecção de cada ambiente contra o coronavírus? Podemos usar um só produto na limpeza e na desinfecção? Ainda são muitas as perguntas em um momento que pessoas, empresas e instituições precisam de respostas.
Em entrevista exclusiva para a RL, Ely Fonseca, sócio-diretor da Oleak, fabricante de químicos profissionais de limpeza e higiene, responde a muitas dessas questões, orientando melhores escolhas para garantir ambientes limpos e seguros para todos.
Álcool 70º é eficiente para limpeza e desinfecção de superfícies?
Ely Fonseca – Eu tenho visto muita gente fazer limpeza com desinfecção de superfície usando álcool. Não funciona. O álcool é um biocida eficaz, mas é também muito volátil, o que é uma desvantagem nesses casos. Ele evapora rápido e isso acaba acontecendo antes do tempo necessário para a desinfecção.
Para realizar a desinfecção, a superfície precisa ficar molhada com o álcool por 15 segundos, que é o tempo necessário para ele agir. Normalmente isso não acontece. A pessoa passa um pouquinho de álcool no pano e passa aquele pano na superfície. Seca em 5 segundos e não faz a desinfecção.
Nós temos inúmeros estudos realizados em hospitais onde o álcool era utilizado como produto para limpar e desinfetar superfícies. O que fazemos nestes estudos? A gente vai até o local, coleta amostras de diversas superfícies antes de fazer a limpeza e, então, permite que se faça a limpeza utilizando o processo normal – neste caso, com álcool – sem o operador saber que está sendo monitorado. Depois da limpeza realizada, coletamos novamente a amostra para ver quanto eliminou de germes.
Em nenhum dos estudos que fizemos – e foram muitos – comprovou-se a eficácia do álcool como bom desinfetante de superfície. No procedimento correto, em que a superfície fique molhada por 15 segundos, que é tempo de ação necessário, ele é eficaz. Mas normalmente o procedimento não é realizado dessa forma.
Por isso insistimos: quanto menos dependente do processo, melhor é o produto.
Álcool gel vs álcool líquido. Qual o melhor?
Ely Fonseca – Para as mãos, álcool gel é melhor, pois não goteja no chão e você consegue espalhar melhor por toda a sua mão. Tem também a vantagem de ser menos perigoso por causa da inflamabilidade. Você tem um risco menor de acidente com chama. Para a limpeza, é proibido a venda de álcool líquido acima de 46% por esse motivo. A ANVISA já proibiu há muito tempo. Quando você vai comprar um álcool – líquido ou gel – para a limpeza, esse álcool não pode ter mais do que 46%. Muita gente tem comprando álcool de limpeza, de 46%, e passado nas mãos achando que está se protegendo.
A falta de informação é o grande vilão hoje. Por isso que eu falo: perguntem, chamem empresas especializadas que entendem realmente como deve ser feito.
Nessa mesma linha, nós vimos um desabastecimento de álcool gel no mercado com a pandemia e a ANVISA autorizou qualquer empresa fabricante de cosméticos a produzir também álcool e a vender sem registro. Isso inundou o mercado – especialmente o doméstico, mas também o profissional – com produtos muito ruins, que podem ser questionados até pela eficácia microbicida, porque você não sabe nem se tem 70% de álcool naquela solução.
O que recomendo é que comprem produtos registrados. Essa portaria da ANVISA é temporária, deve acabar logo. Mas enquanto não acaba, há muito produto ruim por aí.
Peróxido de Hidrogênio para limpeza e desinfecção em escritórios
Ely Fonseca – O peróxido tem um poder de limpeza muito grande e também desinfeta. Ele oxida com muita facilidade a sujeira e ainda tem poder de alvejamento. Você percebe o efeito de limpeza. Mas é preciso ficar atento à quantidade aplicada ser suficiente para fazer as duas coisas: limpar e desinfetar. Essa que é a grande questão.
Eu sou muito adepto do “SelfCleaning”, especialmente nos tempos de hoje. Já era antes e sou mais ainda. Eu acho que cada pessoa deve ser responsável pelo seu cantinho de trabalho, seja ele onde for. Não custa nada você pegar um pano umedecido com um produto que seja limpador e desinfetante e fazer a limpeza do seu metro quadrado. Em momentos como o que vivemos pode salvar vidas.
E para esse procedimento, o pano deve conter uma quantidade suficiente de peróxido para fazer a limpeza e ainda sobrar ingrediente ativo para fazer a desinfecção.
Biguanida Polimérica: a vantagem da combinação com este ativo
Ely Fonseca – É indicado ter princípios ativos combinados, que compensam deficiências entre si. O peróxido não deixa um efeito residual e a biguanida, sim. Então, ao combiná-los, você une um bom limpador alvejante com algum poder de desinfecção (peróxido) a outro princípio ativo (biguanida polimérica), que tem um efeito residual grande.
Por isso é sempre recomendado escolher produtos de boa qualidade. Produtos que são desenvolvidos por meio de estudos sérios para alcançar maior eficiência, pois são pensados para simplificar os processos.
Nesta combinação de peróxido com biguanida, por exemplo, você não vai precisar fazer primeiro a limpeza e depois a desinfecção. Um procedimento é suficiente para fazer o trabalho completo: limpar, desinfetar e ainda garantir proteção àquela área por mais tempo.
Por que Quaternário de Amônio é indicado para limpeza profissional em escolas?
Ely Fonseca – Se você puder fazer a limpeza e desinfecção e deixar na superfície algum princípio ativo que possa manter a superfície limpa e livre de germes por mais tempo, melhor. Nesse ponto, o quaternário é positivo porque tem esse efeito residual. O peróxido, o cloro e o álcool não têm efeito residual, eles vão limpar naquele momento e tudo o que aparecer de contaminação nova vai permanecer ali.
Alguns princípios ativos, entre eles o quaternário de amônio, têm esse efeito residual. Eles formam uma proteção germicida e essa superfície vai se tornar inóspita para a proliferação dos germes. Isso é desejável, principalmente em ambientes como o escolar, onde há crianças e a interação de toque com as superfícies é maior.
Desde que seja um princípio ativo atóxico, que possam tocar e, eventualmente, colocar a mão na boca sem desenvolver algum tipo de reação por intoxicação, é muito positivo você ter esse efeito residual, porque os ambientes se contaminam o tempo todo.
Participação dos alunos na limpeza e desinfecção
Para as escolas, ainda, se fossemos recomendar um protocolo de limpeza em tempos de COVID-19, os ambientes escolares deveriam ser limpos a cada turno – inclusive cada carteira em que os alunos estudam. De preferência, se puder fazer uma desinfecção rápida durante o recreio, acho positivo.
É um procedimento rápido de fazer e o próprio aluno pode ser instruído a fazer isso se ele tiver produtos disponíveis de boa qualidade. Pode ser uma prateleira na sala ou um dispenser com desinfetante para molhar um pouquinho um papel toalha e ele mesmo fazer a desinfecção da carteira. Acho que é perfeitamente possível, a partir de certa idade, que o aluno seja instruído a fazer dessa forma e deixar as áreas comuns para as equipes da limpeza. No mínimo uma vez por dia essas superfícies têm de ser desinfetadas. Quanto mais vezes, mais segurança você tem.
“E quando o produto tem a característica de efeito residual, formando uma proteção que torna a superfície inóspita à proliferação de germes, conseguimos um benefício a mais”, afirma Ely. “Mas efeito residual não pode ser visto de forma a levar a pessoa a achar que não precisa desinfetar de novo. Isso é um erro. O correto é manter a frequência de limpeza, mesmo utilizando produtos com efeito residual”, completa.
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