Túnel de desinfecção, pedilúvio, luz ultravioleta, pulverização, nebulização… Quais métodos de prevenção de contaminação do vírus da Covid-19?
Com a pandemia, uma série de novos aparatos começa a fazer parte da nossa realidade cotidiana prometendo proteção contra o coronavírus. Entre eles, equipamentos e métodos que impressionam pela estrutura e tecnologia.
Mas será que esses métodos de prevenção contra Covid-19 funcionam? Ou podem até trazer mais riscos para a saúde? As dúvidas são muitas e em entrevista exclusiva para a RL Higiene, Ely Fonseca, sócio-diretor da Oleak, fabricante de químicos profissionais para limpeza e higiene, traz esclarecimentos valiosos. Confira.
Túnel de desinfecção funciona para a prevenção de contaminação contra o coronavírus?
“Nunca encontrei um estudo de boa qualidade que prove que esses túneis ofereçam um resultado positivo para a redução do risco de contaminação”, inicia Ely sobre um dos métodos que mais têm sido vistos na mídia com a promessa de proteção contra o coronavírus.
O especialista vai além e alerta que o equipamento pode ainda trazer riscos à saúde: “A solução pulverizada – na maioria das vezes não é informado qual o produto utilizado – pode expor a pessoa a um risco muito grande pela inalação do desinfetante ou a absorção pela pele”, analisa.
“A Oleak recebe muitas perguntas sobre qual dos nossos produtos pode ser usado nesses túneis. A resposta é sempre a mesma: nenhum. A gente não vai permitir nenhum produto nosso sendo utilizado nesse equipamento, porque – volto a dizer – a eficácia não é comprovada. Não vai resolver e não vai reduzir o risco da pessoa contrair alguma doença”, finaliza Ely.
A desinfecção com raio ultravioleta protege contra o vírus da Covid-19?
“Sim, funciona. Mas é preciso seguir um protocolo rígido para a sua utilização, porque pode trazer riscos à saúde devido ao comprimento de onda da lâmpada ultravioleta, que deve ser bastante baixo, e é perigosa para o ser humano”, alerta Ely, que acredita na aplicação deste método de desinfecção apenas em ambientes específicos e controlados. “Seria impraticável utilizar um equipamento desses em um ambiente comum. Além disso, é um processo caro pelo alto custo do equipamento”, avalia.
Antes de mais nada, para entender a complexidade do método, Ely explica: “É preciso retirar as pessoas do ambiente e fechá-lo. O equipamento deve ser acionado remotamente e ainda há a questão das sombras, porque a lâmpada só terá efeito onde for possível a incidência direta da luz. Há também um tempo de contato necessário para que seja eficaz.”
O especialista destaca que o equipamento funciona para desinfecção, mas não limpa o ambiente. “É preciso fazer todo o trabalho de limpeza antes e, com o ambiente limpo, fazer a desinfecção pela luz. Não é prático”, reflete.
“Quando falamos de tecnologia na limpeza, buscamos inovações que diminuam a dependência do processo, gerando ganho de produtividade sem perder a eficácia. Não é o que vemos neste sistema”, completa.
A pulverização apresenta diminuição no risco de contaminação?
Imagens de técnicos equipados com roupas de proteção pulverizando soluções químicas para desinfecção em ambientes comerciais também têm se tornado comum. A principio, analisado do ponto de vista científico, o método é questionável, segundo Ely. “Já fizemos pesquisas e há também vários estudos disponíveis que revelam a falta de evidências na redução do risco de contaminação pela pulverização de solução desinfetante em ambientes abertos”, argumenta. “Ao contrário: pode expor as pessoas que frequentam o lugar a químicos tóxicos por inalação e irritantes no contato com a pele.”
A nebulização (vaporização) é eficaz na prevenção ao vírus da Covid-19?
“É eficaz, sem dúvida nenhuma. Mas, como o procedimento com luz ultravioleta, é preciso um rígido protocolo para que a aplicação seja eficaz sem causar danos às pessoas”, enfatiza Ely.
“Quando se faz uma limpeza por nebulização ou vaporização, o ambiente é hermeticamente fechado, vedando inclusive frestas de portas, janelas e saídas de ar-condicionado”, descreve o especialista. “O equipamento deve ser acionado remotamente, porque ninguém pode permanecer dentro do ambiente pelo risco de aspirar o desinfetante nebulizado, que é perigoso para o ser humano”, acrescenta.
O especialista explica ainda que o processo é demorado: “para fazer efeito, o ar precisa ficar completamente saturado com a solução, se mantendo dessa forma durante o tempo de contato exigido pelo princípio ativo. Só essa etapa pode durar mais de uma hora. Não é muito prático”, conclui.
O pedilúvio funciona como método de prevenção contra a contaminação do vírus da Covid-19?
“Desde que você utilize o desinfetante correto, ele funciona”, avalia o profissional, que alerta para o tempo de contato necessário do produto para a eficácia do método. “A pessoa precisaria ficar parada em cima do pedilúvio pelo tempo necessário. Aí o método vai funcionar”, pondera.
No caso do pedilúvio, Ely questiona a utilidade do sistema para a prevenção de contaminação do vírus da Covid-19. “Até que ponto você tem que remover o germe da sola do sapato da pessoa? Não tem muita evidência também de que isso vai reduzir o risco de contaminação. Germe não tem asa, vírus e bactérias não saem voando. Uma vez que ela se deposita no chão, ela não sai dali. Qual a chance desse vírus voltar para o ar? A limpeza frequente do piso é muito mais eficaz”, sugere o especialista.
Ely defende ainda a participação de todos, inclusive dos colaboradores, na higienização das superfícies em ambientes profissionais.
“Eu sou muito adepto também do método “SelfCleaning”, especialmente nos tempos de hoje. Já era antes e sou mais ainda. Eu acho que cada pessoa deve ser responsável pelo seu cantinho de trabalho, seja ele onde for”, conclui.
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