Confira o artigo de Gessé Campos Camargo sobre o mercado de facilities management e o papel do gestor.
Certa vez, quando presidia um Congresso de FM (Facilities Management), conheci um empresário que me disse: “Temos que criar o cliente para a nossa atividade”. Esta frase até hoje ecoa nas minhas reflexões, eventos e projetos, e deve ser reforçada por uma complementação, que é a necessidade do cliente também criar o seu parceiro.
É uma verdade absoluta, há intenções bem claras, mas a prática é muito relativa, por isso o que vemos hoje ainda são relações parceiras misturadas com relações servis, entre tomadores e prestadores de serviço, variando entre médias e grandes, tradicionais e novas empresas.
Isto é perverso para o nosso mercado, pois a terceirização específica (de uma ou mais atividades) ou a global (integração de serviços) precisa de uma nova forma de convívio em que as partes, de acordo com a suas histórias, assumem cada uma a responsabilidade pela visão, gestão, operação e desenvolvimento, de forma que o resultado atenda melhor suas demandas mútuas.
Enquanto a visão, gestão e operação do cliente estão focadas na sua atividade fim, estes mesmos processos devem ser observados pelos parceiros na infraestrutura da organização.
Parece antiga esta combinação de papéis, mas nunca obsoleta, pois é a que garante o sucesso das atividades, seja quanto à economia, à performance, à satisfação de acionistas e à sustentabilidade, tão cantada em verso e prosa em nossos dias.
Então, os custos, a qualidade e o padrão dos serviços devem ser definidos a quatro mãos e serem coerentes com a cultura e a história das empresas, e não simplesmente uma relação de comprador e vendedor. A tecnologia, performance, confiabilidade dos processos e recursos têm que ser garantidos pela especialidade dos prestadores de serviço que investem, pesquisam e aprimoram suas práticas para o melhor atendimento das demandas de seus clientes. Infelizmente ainda vemos hoje “pacientes dizendo aos seus médicos qual é sua enfermidade (diagnose) e que medicamentos querem tomar (automedicação)”.
A importância de políticas para Facilities & Properties Management
Estas posições fundamentais das empresas serão melhor observadas se houver um novo desenho de sua governança, visto que os valores, as lideranças e as políticas para o FPM (Facilities & Properties Management) empresarial precisam ter posição estratégica na organização. Aqui reside uma das grandes missões dos FP Managers, que é alavancar a sua visão, suas demandas e sugestões tanto para revalorizar o seu trabalho e resultado quanto as de seus parceiros.
Como numa orquestra, será assim, melhor executada a sinfonia do FPM, onde a regência (FPM) integrará diferentes instrumentos (operacionais) com seus timbres e compassos próprios para atingir a melhor e mais integrada percepção da peça.
Não hesitem clientes e prestadores de serviço na busca de sua melhor parceria, na divisão mais inteligente de suas responsabilidades, na formatação sinérgica de contratos de alta performance e, evidentemente, no compartilhamento mais equânime de investimentos e benefícios econômicos financeiros.
A partir destas premissas, podemos elencar e refletir sobre uma gama imensa de aspectos específicos de nosso mercado quanto ao seu planejamento, gestão, operação e desenvolvimento, e fazer disto a lição permanente para nossa casa.
Por Gessé Campos Camargo, diretor da Interface FM Consulting